Eu sei: você tem a liberdade de se ir, quando quiser;
eu vou viver da saudade que o tempo há de esfumar.
Vá, mas não me volte, por Deus, o seu pérfido olhar
que me perfura, a cada vez que diz que bem me quer.
Nunca mais eu quero vê-la, nem de longe, nem de perto
e, de repente, talvez, quem sabe, a sua luz candente,
numa noite, uma tempestade a apague, impiamente
e não mais há de chagar o meu triste coração deserto.
Entanto, quem ama, como sabe, tem na alma o perdão.
Eu já não vivo, já não penso, já não suporto a aflição
que me causam essas dores a me turbarem o sentido.
Mas, se alumiar a lua a sua atroz e infinita escuridão,
saiba: foram os Deuses que acolheram ao meu pedido
dessa graça, cá de longe, da janela, na minha solidão!
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