Criança cadê sua infância?- Luzia Madalena Granato


O gato comeu, o rato roeu.
Cadê o rato? O gato comeu.
O cachorro latiu...
Belas mentiras, atuais verdades!
Cadê a aroeira, a bananeira, a jabuticabeira
e a mangueira para vocês subirem,
 brincarem de pular, de casar,
rodar em baixo de suas sombras,
a embalar?
O sono... que preguiça!
Lá vem o trem...
Domingo é dia de missa.
Corre que vem alguém brincar de bola,
de caipora e passa anel, passa bola,
brincar de adivinha quem.
Um beijo a quem dar...  que surpresa!
Os olhos tapados, a girar...
Brincar de bolinha, tacar pedrinhas na água, pegar peixes...
Rolar no barro... mamãe,  cuidado!
A banda no coreto da praça, crianças a dançar...
E os namorados com crianças “velas” a se tocarem.
Cadê você, criança, que brinca de amarelinha, na rua da esperança,
que pede bênção e que não perde os dias,
escola, hora, trabalho, nem tantos cadernos?
Tinha-se tempo para se inventar.
Barco de papel, chapéu de papel, teatro com lençol.
Brincar com anzol.
Tudo era brincadeira...
Hoje, cadê você, criança,
que precisa saber mais, que tempo que te faz?
É o computador, é o inglês  e a televisão...
Cadê sua linguagem interior?
Pagamos alto preço na vida.
A lateralidade, as dimensões de espaço se aprendem
hoje na escola, ora bolas...
Por que não olhar o céu azul, com suas estrelas e os contos
do papai e mamãe, e as cantigas no portão?
Hoje, você criança, perdeu espaço, está no laço da sociedade.
Que coragem brincar, correr na escola ou no clube!
 Privilégios? Sem espaço, com os carros, muros, medos.
Bicho papão, de antes então, hoje existe!
Criança, sua infância...
Procure ser e não somente ter.
Procure na fantasia e no real, 
redimensionar o mundo, o sentido da vida.
Você é transformadora.
Denuncie suas questões.
Os adultos que ouçam, mudem.
Os “Homens” roeram a corda.
Agora o que resta é escolher além desta selva capitalista.
Seja artista, porque você criança, é ingenuamente pura.
Graças a Deus!


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