Desistir para Resistir- Luzia Madalena Granato


Desistir com muita saudade
de uma possível e fantasiosa felicidade,
de um amor não retribuído,
de um amor dolorido.

Para não ficar doente,
pode-se até ficar carente,
mas a fantasia e, talvez, as lembranças boas
talvez sejam ainda um sopro que faz viver.

A sabedoria é aprender a desistir
do medo de perder alguém muito querido,
da morte, do tempo que nos faz ainda mais sozinhos,
pois o tempo leva todos.

E assim aprendemos a ter talvez mais sossego,
a viver no aperto do próprio peito,
a viver no aconchego da própria vida, da própria solidão.

O curso é outro agora e temos que aprender a amar outros ares, 
experimentar outros sabores, outras cores,
a respirar com um pouco menos de aperto.

Precisamos resistir ao tempo,
porque não esquecemos do todo.
Disto é feito a vida, se a aceitamos assim.


Comentários