Quando me olho ao espelho,
vertiginosa inquietação desestabiliza o meu ser,
por suspeitar da existência da misteriosa diferença
entre a essência e a aparência.
Minha aparência sempre me engana.
Ao piscar os olhos para a tela plana,
como num impasse da magia,
a imagem representada é o encontro de mil Marias!
São tantas, tantas e tão diferentes Marias
que eu mesma, muito mal as reconhecia!
Com visão de pesquisadora em um projeto importante
observei cada detalhe, dos pés à cabeça.
para descobrir qual delas, de fato,
era a Maria verdadeira.
Depois de muito observar,
nuances de permanente inocência
nos olhos de todas as Marias
ainda se pode notar.
Nem todas as Marias são iguais.
Cada figura exterior é eco da figura interna.
Umas refletem o adulto que se fez em criança
e outras, a criança que é seu próprio espelho.
Os olhos são a porta do engano.
É necessária certa cegueira.
Algum defeito nos olhos manifestar.
Para se enxergar sem recortes e sem medidas
os contornos de uma alma despida.
Os espelhos são para assustar.
Eles podem espalhar, sem limites de definição,
imagens desconhecidas e escondidas,
ocultadas pelo receio de se enxergar.
Oh, Incompreensível Espelho,
Espelho MEU,
mostre-me, honestamente
quem, na realidade, sou EU!!!!
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