PERGUNTAS PARA QUE POSSAMOS REFLETIR... - José Antônio de Azevedo

 

Deixo perguntas para que possamos refletir sobre a importância de admitirmos as perdas que acontecem ao longo da nossa vida.
 Lembrem-se: aceitar é saber abraçar a perda e, a partir disto, seguir adiante, priorizando a sua qualidade de vida e a das pessoas que convivem com você, ou em seu entorno: “ADMITIR PERDAS IN-FORMADAS PELO MENSAGEIRO DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS”.
A aceitação é uma das fases do processo de LUTO. A aceitação de uma perda ocorre a partir do cerne da pessoa: o seu coração. Aceitar é aderir com o CORAÇÃO. Quem aceita concorda com os fatos. E quando sua dimensão mais profunda concorda com uma perda, em vez de ficar guerreando contra ela, empenha-se em contornar seus efeitos, ou seja, assume o compromisso de fazer o que estiver ao seu alcance para usufruir o bem estar. E nisto reside a diferença entre aceitar e se conformar ou se resignar, porque a aceitação é um processo dinâmico, produtivo e criativo. Quem pensa que aceitar significa sentar e cruzar os braços engana-se. A aceitação é uma espécie de perdão e, como tal, ela não implica esquecer. Certa vez, em que pregava um retiro sobre as quatro modalidades de perdão, uma mulher me pediu que lhe ensinasse a esquecer de acontecimentos do seu passado. Para ela, o perdão genuíno significa não se lembrar mais do ocorrido. Você também pensa assim? Perdão e aceitação não são sinônimos de esquecimentos. Aceitar não é esquecer as coisas. O ideal é que todos os acontecimentos importantes, sejam eles agradáveis ou não, continuem registrados em nossa memória, mas sem que isto nos cause sofrimento psíquico. 
 A aceitação é como a cicatriz de uma ferida que não dói mais. Você deve ter tido feridas, cirurgias com pontos ou alguma fratura. Neste momento você consegue tocar o local e não sente dor. Aceitar é poder tocar naquela situação de perda sem resquícios de dor e de sofrimento. Se as pessoas não tomarem cuidados elas passam a comprar a ideia de que aceitar é algo insensível ou sinal de que o ser amado ou coisa que se perdeu não era suficientemente querida. Isto é um erro de compreensão. A influência cultural de o luto diante de uma perda só é uma perda se for acompanhado de muita dor de aparatos de sofrimento que possam ser percebidos pelos outros para mostrar que o amor é autêntico. Isso é não só falso, como também doentio. Quando você aceita a dor é menor, quando menos se der conta, você vai perceber que a dor, em vez de diminuir, cessa. Afinal, você trabalhou de dentro da sua alma, você concordou, ou seja, envolveu o seu coração. Quando você aceita, admite ou concorda com a perda, você para de querer ficar consertando ou ficar escondendo. E também de ficar mentindo a respeito, visto que a mentira é uma tentativa de mudar os fatos não admitidos.
 Além de trazer benefícios para si, a aceitação também traz benefícios para quem está em seu entorno. Você para de abusar da paciência dos outros com assuntos maçantes do passado. Quem olhar de fora vai entender que você superou. Seu repertório de assuntos vai dar uma renovada. Aquele discurso vitimista, de derrota, de iludido, de injustiçado vai dar espaço ao discurso de quem quer dar continuidade à vida, apesar das perdas.
 Por fim, ao refletir sobre perdas, não podemos deixar de pontuar duas importantes coisas: traços de personalidade e liberdade de escolha.
 Um padrão na pessoa com dificuldade para dar o passo da aceitação é a sua tendência a ser  inflexível. A coisa tem de ser daquele jeito que ela quer, deseja ou pensa, ou nada feito. Em sua mente, ela tem de ser feliz com aquela pessoa e com mais ninguém neste mundo, com aquele emprego, naquela casa, etc. Esta inflexibilidade psicológica destrói a pessoa. Deixando-a vulnerável a adoecimentos. Ela pode acabar sendo vítima de sua dificuldade em admitir a derrota, as perdas, sua incapacidade de lidar com frustrações e ser contrariada.
 E como perda tem a ver com término, você tem todo o direito de bater o pé e dizer que não vai aceitar que perdeu ou que terminou e pronto. Você é livre para assim escolher. Você pode optar por perder seu tempo. 
 Enquanto poderia investir em novas conquistas, em novas batalhas, você pode ficar insistindo em perdas já declaradas e em términos já efetivados. Mas se tais perdas e tais términos, não devidamente elaborados, levarem você a uma depressão, ou a um comportamento suicida, isto seria um preço justo a ser pago? Seria algo válido? Ou seria um tipo de escolha mórbida?  Suponho que não.
 Deixo essas perguntas para que possamos refletir sobre a importância de admitirmos as perdas que acontecem ao longo da nossa vida.
 “Lembre-se: aceitar é você saber abraçar a perda e, a partir disto, seguir adiante, priorizando a sua qualidade de vida e a das pessoas que convivem com você, ou em seu entorno”

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Crônica de José Antônio de Azevedo em destaque 56a. Revista Ponto & Vírgula (julho/agosto/setembro/2021) _ Págs. 9 e 10
Editora: Irene Coimbra


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