O mais importante não é ser feliz.
Nunca o foi.
A vida nunca se tratou de quantos sorrisos se dá num dia
ou de quantas lágrimas se derrama no outro.
No fim, são os fins.
Cada estrada arremessa o viajante a outras dez
e cada uma dessas a outras cem,
para, no final, nunca se tocar o sol.
Mas de que importa não tocar sol?
Se o sol já aquece e já ilumina, mesmo distante,
quem precisará de mais?
Se queres ser feliz, esquece-te da felicidade!
Deixa-a dormir, deixa-a para trás,
e se achegue ao sol, mesmo que não possa tocá-lo,
pois quando perceberes,
por esquecimento,
serás capaz de amar e de sofrer,
e tendo amado e sofrido,
irremediavelmente,
irás sentir um aconchego
estarás no colo materno
e depois andarás de mãos dadas com teu amor.
Terás conhecido as estradas e o mundo,
as plantações da Espanha,
e os castelos da França,
terás brindado ao rei
sob céu estrelado do Alentejo
e serás tu o rei, porque houveste amado tudo que morre,
como um homem que conhece seus apesares
e então dirás sereno: se já tenho o céu e o sol
de que importa ser feliz?
Poema de Arthur Gregório Valério em Destaque na página 8 da 56a. Revista Ponto & Vírgula - (julho/agosto/setembro)
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