A LIÇÃO DA FIGUEIRA!- Irene Coimbra

     

    A tarde estava começando quando o tempo anunciou a chegada do temporal! Nuvens pejadas, vestidas de negro, caminhando de modo sinistro, o antecediam. 
     Da janela de minha sala eu as observava, com muito medo, quando uma majestosa figueira no centro do parque, atraiu minha atenção pela sua altivez.  
     Enquanto eu, abrigada dentro de casa, com muito medo, aguardava a chegada do temporal, ela, a céu aberto, parecia desafiá-lo.
     De repente começou o temporal.
     Um vendaval terrível começou a fustigá-la sem piedade. 
     Raios e trovões e uma chuva de granizo, para meu desespero, aumentavam aquele espetáculo de horror.  
     Seus galhos se retorciam, suas folhas arrancadas e jogadas ao longe, mas ela resistia, bravamente, aos embates do temporal. 
     Sentia que a qualquer momento ela seria atingida e destruída por algum raio.
     Mas, para meu alívio, a tempestade passou!
     A devassa em sua folhagem fora grande, deixando seus galhos quase nus, mas, apesar de toda violência do temporal, ela continuava altiva e silenciosa.
     Sem querer, eu acabava de aprender com ela uma grande lição. 
     Enfrentar, sem medo e com altivez os embates da vida. Eles não duram para sempre.

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Crônica de Irene Coimbra, em destaque, na página 20 da 57a. Revista Ponto & Vírgula (outubro/novembro/dezembro/2021)

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