--- Ely Vieitez Lisboa

 















Ah, Senhor meu,
entra que a casa é tua
e eu, escrava apenas,
jamais senhora.
Quero te descalçar as sandálias,
ungir-te os pés com doces óleos,
enxugá-los com meus cabelos,
colocar-te a branca rede
para que teu corpo manso
me espere, tenro favo,
praia de perfumes e doçuras.
Eu me deitarei ao teu lado,
trêmula caça amestrada
pelas tuas mãos, teus dedos
que pousarão sobre mim
mapeando-me o corpo, o sexo,
puxando-me contra ti
para, de novo, o céu me seja dado
e me abra em delta
misturando-me em tuas águas
no teu mar de vida minha...
Ah, Senhor meu!


*
 Poema de Ely Vieitez Lisboa, em destaque na página 10 da 57a. Revista Ponto & Vírgula (outubro/novembro/dezembro)

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