NOSSAS VIDAS - XIII- Idemar de Souza















Por muito, muito tempo, me ative afincado à preces
a esses meus sofridos filhos... tão sós... desconsolados...
ninguém sabe o que sofreram, nesse mundo, isolados.
Ah... vida má! Tão desalmada quanto injusta me pareces!

Às vezes, meu jardim quase fenece e, com ele, as flores
segredeiras! Nesse tempo, Cravo e Florbela se desertam!
Saio à porta... e, ninguém... e maus presságios me afetam.
Estou só comigo, agora, a confabular com minhas dores.

Clerodendros, roxos e azuis, eu replantei, com esperança
de vingarem... e, rosas vermelhas trepadeiras. Ao florirem,
quero-os aqui, todo dia, todo o tempo, à minha vista...

não mais se irão, feito condores! Ainda espero vê-los, rirem...
e não tardou certa voz ao meu ouvido: atente-se ao belicista!
Mas aplaque, meu amor, o seu largo desejo de vingança! 


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Soneto de Idemar de Souza, em Destaque, na página 19 da 57a. Revista Ponto & Vírgula (outubro/novembro/dezembro/2021)





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