ALUCINAÇÃO- Por Heloísa Martins Alves

     Sonhando, entrei no sonho de uma amiga. Tudo isso é possível na pandemia. Índios altos, corpos morenos e atléticos. Nos duas nessa aldeia. Ela com medo. Eu, encantada, dizia: - Calma, tudo vai voltar ao normal. 
    O normal do momento sonhado era aquele. Chamaram o pajé, nos defumaram, índias vieram e pintaram nossa face e corpo, colocaram em nós um lindo cocar. Conseguimos entender que fazíamos parte dessa tribo. Tínhamos índios lindos como companheiros, éramos guerreiras: Ela, Jacy; eu, Juracy. Eles: Cauby e Pery. Que linda história fizemos. Tanto aprendemos com os mistérios da Amazônia. Brincamos de amor nas águas do rio, nem mesmo o boto cor de rosa nos atraia, éramos fiéis a Pery e Cauby. Só eles tinham o encanto do amor. Conseguimos  sair do mundo pandêmico e viver com a energia da natureza. Descobrimos a cura da alma e do corpo com as plantas da floresta. Voltamos fortes com o segredo da Jurema e, como Iracema, podemos sempre ir e voltar e temos a opção de ficar, palavra do Pajé, e ainda, como presente, todas as noites em que estivermos tristes, podemos usar o segredo da Jurema e estarmos lá com os guerreiros, nossos companheiros e guardiões. Fomos abençoadas por Araquém, o pajé, nessa Macunaíma da vida. 



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Crônica de Heloísa Martins Alves, na página 40 da 18a. Antologia Ponto & Vírgula - Poemas, Contos e Crônicas, lançada dia 18 de dezembro de 2021, no Hotel Nacional.
Editora: FUNPEC
Coordenadora; Irene Coimbra




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