MEU INESQUECÍVEL IPÊ BRANCO- Aldair Barbosa




    Havia, em frente ao sobrado grande, que construímos na Avenida Nove de Julho, 481, um jardim, belo e bem cuidado. Sobre o gramado, verde/esmeralda, um imenso canteiro, só de roseiras, de várias cores, e uma árvore que eu amava... linda, elegante, majestosa: meu inesquecível IPÊ BRANCO! Ao florescer transformava-se numa obra de Arte. Um poema para o céu! Imagem de encanto e magia. Fazia bater forte meu coração. Hoje, toda essa imagem está reduzida a um sonho... um sonho bem vivido. Lembranças boas dos cheiros, dos perfumes; das fragrâncias dos seus cômodos; das vozes muito amadas, que animavam esse espaço, com alegria e amor. O tempo passou. Tudo mudou. Mas, a imagem de beleza e esplendor está bem guardada, bem viva na memória do meu coração. Pura poesia! Poesia é sensibilidade! Poesia é amor! Poesia é beleza! Assim era o meu inesquecível IPÊ BRANCO! Puro alumbramento e magia! “Árvores são poemas que a terra escreve para o céu”. (Gibran Khalil Gibran - Poeta)
        Era o ano de 1955. No sobrado grande, morávamos: Ivo Simões Gomes, meu marido; Marcelo e Cláudia, meus filhos; eu e meu irmão Alvim Barbosa. Estudante, aluno do Colégio Estadual, o querido e famoso “Otoniel Mota”, orgulho dos ribeirão-pretanos. Apaixonado pelo universo das LETRAS, da Cultura e das Artes. Leitor assíduo. Escritor, cronista social e poeta. Sim, Alvim era poeta desde sempre. As Palavras sempre foram suas companheiras inseparáveis. Feliz ou triste, escrevia poemas. Poesia era o remédio para sua alma, inquieta e solitária. Se fosse fotógrafo, Alvim teria o maior arsenal de imagens do mundo! Mas ele era poeta! Jardineiro no cultivo da Palavra. A Palavra era seu passaporte para o universo das comunicações. Sua fascinação pelo universo das Artes, sobretudo das Artes Cênicas, o levaria ao mundo do Teatro, paixão de toda sua vida. Segundo o grande poeta, Príncipe dos poetas brasileiros PAULO BOMFIM: “Poetas não morrem, eles se transformam em PALAVRAS”.
        Na década de cinquenta,  Alvim tornou-se o Cronista Social dos jornais: “Diário da Manhã”, e “O Diário”, ambos de Ribeirão Preto. Na “PÁGINA LITERÁRIA ALVIM BARBOSA”, publicada, regularmente aos Domingos, Alvim publicou vários de seus preciosos trabalhos: crônicas, poemas, contos, entrevistas, reportagens e eventos sociais. Todos realizados com talento, criatividade e muito amor. Encontrou desafios? Sim. Muitas pedras foram encontradas na estrada dos sonhos: problemas de saúde, dificuldades financeiras, tristezas, sofrimentos, dores, perdas irreparáveis e também muitas alegrias. O aprendizado é, quase sempre, muito dolorido. “Alvim conheceu os ritmos da vida nas idas e vindas pelo mundo dos astros, estrelas e meteoros do teatro e da TV. Conheceu os sabores vários de dores e glórias nos bastidores da vida. Sabe o tom, a cor, o sabor, o peso e o valor de cada dor e prazer. O que confere à sua poesia uma dignidade rara”. 
(WALDO MOTTA- Prefácio de “O Tempo na Ponte” - 2002) 
        O tempo deixa marcas indeléveis. É a vida! Contudo, Alvim Barbosa é mais que um nome, alma inquieta, solitária, em busca da liberdade, em busca permanente da realização de seus sonhos. Exemplo de “gladiador”. Era um diamante em processo de lapidação!
        A fim de homenageá-lo, visitei o BAÚ de seu precioso legado literário.  Selecionei uma coleção desses trabalhos, muitos já publicados outros inéditos. Serão publicados na ”Antologia e na Revista Ponto e Vírgula,” veículos de divulgação do mundo das LETRAS, da CULTURA e das ARTES. Sob o comando de Irene Coimbra, exímia “guerreira das Artes”, Diretora e Editora dos veículos acima mencionados. Assim, teremos sempre o incentivo necessário à realização de nossos trabalhos. Recordar boas lembranças, momentos mágicos, faz bem ao coração e à alma! Agradecemos!
        Obrigada amado irmão, por você existir em minha vida, mesmo vivendo em outra dimensão. (ALDAIR/outubro de 2021)
        “O Teatro e as Artes brasileiras, em geral, tiveram em Alvim Barbosa um pilar. Ligado ao fazer cultural desde o final da década de 1950, atuou em diversos flancos, espalhando talento, dedicação e doçura por onde passou.
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 Grande Alvim Barbosa! Essa figura notável que saiu do interior das MINAS GERAIS, para dar importante contribuição à Cultura Brasileira.”  (IRLAM ROCHA LIMA—CORREIOS BRASILIENSE - 2013)

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Crônica de Aldair Barbosa Simões Gomes, nas páginas 4,5 e 6 da 18a. Antologia Ponto & Vírgula - Poemas, Contos e Crônicas.
Editora FUNPEC.
Coordenadora: Irene Coimbra
Aldair Barbosa Simões Gomes, mineira de Resplendor, reside em Ribeirão Preto desde 1947. Licenciada em Letras, Língua e Literatura Portuguesas e Inglesas pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras “Barão de Mauá”. Autora de “SILÊNCIO VERDE - Vida e Obra de Alvim Barbosa”, seu primeiro livro, lançado em Agosto de 2013.




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