Observando a humanidade de maneira geral, na transição dos costumes antigos para os modernos, percebeu que poucas pessoas admitem administrar o futuro. Quando jovens, destroem a saúde para lucrar dinheiro e, ao chegar à velhice, despendem dinheiro para obter saúde, agindo assim na ordem inversa das ocorrências. Concluiu que os indivíduos prezam somente o bem-estar de si próprios e buscam o conforto e o prazer pessoal de momento, pouco se importando com a família, amigos e colegas.
Nas relações humanas, como tudo na vida, a questão é de semeadura e aprendizado.
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Naquele dia em que assim pensava, recebeu ele um e-mail de um amigo, considerando-o como um anjo da guarda, com as seguintes palavras: “Meu Caro Anjo da Guarda! Digo meu caro porque o considero no rol de meus poucos e verdadeiros amigos. Digo anjo da guarda, não só porque reza por mim (isso também faço por você), mas porque você é uma das pessoas mais prestativas que já conheci em toda minha vida. Aliás, o anjo da guarda que conhecemos desde os tempos de catequese, não é nada mais que um ser prestativo; por isso cai muito bem em você este título” (assinado Ariston de Tal).
Lembrava ainda o amigo as transubstanciações do tempo de jovens para as transposições para a época de idosos.
Estava, então, pesquisada a substância do idoso, estudada a prática para a promoção do velho e faltava somente a execução dos planos para tornar realidade o novo sonho a fim de defender o idoso. Só faltava aprender informática e estudar literatura.
Informática fora uma matéria rejeitada por Zé Baiano até então, mas após sua própria reflexão de que sem ela não haveria futuro tomou conhecimento e foi à luta. Literatura também, empregou-lhe algum tempo para estudar principalmente narrativa e descrição de textos para enquadrá-los nos gêneros: poesia, crônica, conto e romance. Estava assim lançado o desafio e presente o desafiador. O material, o ambiente e as ferramentas estavam também à espera do executor.
Zé Baiano, então, instala-se no sítio e, naquele aprazível cenário, ali tem passado horas e horas, dia a dia e semana a semana no seu ateliê, pesquisando material para se fundamentar e buscando inspiração para bem escrever. Dias e noites, para ele, não têm diferença. Trabalha ao sabor do corpo e da mente e, na persistência de dia ou de noite, até quando houver energia disponível. Ao menos sinal do físico denunciando uma dor aqui ou ali, ele suspende as atividades e vai repousar, seja a hora que for, da noite ou do dia. Ao perceber um estresse na mente, da mesma forma interrompe a escrituração para cuidar de outros afazeres no sítio, cavalgando pelos cafezais, deliciando-se com a boa formação da lavoura ou até fazendo um pequeno passeio à sua casa na cidade ou às fazenda que administrara.
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Viver é chegar de onde tudo começa deixando saudade; a falta de outrem é o amor que fica de quem se foi e amar é ir aonde nada termina, porque enquanto há vida, a esperança não morre.
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Trecho do capítulo “Evolução da Juventude Acumulada”, do livro
“O coração infarta quando chega a ingratidão” de José Antônio de Azevedo - Págs. 79/80.
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