Foi-se embora, o Cravo Antúrio, amargurado!
Não soube suportar tão triste desventura...
E eu, nesses tempos infindos de clausura,
vivo a esperar que ele retorne, consolado!
Mas olhem quem me vem, à porta, tão cedinho!
A Florbela e ainda mais linda e ainda mais bela
e aos braços uma boneca, qual a ela, tão singela
envolta em fronha e, à cabeça, um chapeuzinho!
Que velhas pernas não cederiam a tanta emoção?!
Nenhumas! Mas o sofá, o confidente companheiro,
também idoso o pobrezinho, mas altivo e generoso,
à toda pressa me ampara, carinhoso e, tão ligeiro...
não notei que fora um ser alado, risonho e bondoso
a suster-me e a propor que eu desse alento ao coração.
*
Soneto de Idemar de Souza, em destaque, na página 12, da 60a. Revista Ponto & Vírgula (julho/agosto/setembro/2022)
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