O BIBLIOTECÁRIO ATLETA- Ciro Monteiro

   
 
- Vai, “Iro” (nome carinhoso que Diogo, meu irmão, me chamava), foi a voz que escutei desde o primeiro km da maratona. A ideia de correr uma maratona surgiu no dia dezoito de junho de 2022, quando a Ângela Xavier Monteiro (cunhada/irmã) compartilhou publicação sobre a maratona de Manaus. Pensei: “42 km? Impossível”. No dia seguinte fui ao Clube de Corrida Sesc e, ao fazer meu treino de seis a dez km, pensei: “meu irmão Diogo vai fazer cirurgia em julho e, se tudo der certo, gostaria de homenageá-lo com algo impossível, correr uma maratona”. Terminei o treino e perguntei à Profa. Tatiana Vizú se seria possível correr uma maratona até outubro. Ela respondeu que o tempo era curto e seria necessário intensificar os treinos. Liguei para o Diogo e disse “sua cirurgia vai dar certo e vou correr a maratona de Manaus”. Marquei férias e comprei passagem. Apenas quatro meses separavam a minha decisão da prova. A incentivadora e maravilhosa profissional professora Lucilene Timóteo montou meus treinos. Treinei muito, participei de corridas curtas de cinco, oito e dez km e também de uma meia maratona (21km), além de treinar com a turma USP coordenado pela espetacular professora Patrícia Daniela Silva. No entanto, continuava achando impossível correr 42km. Em quatro de julho de 2022 (aniversário do meu pai) a cirurgia do Diogo foi perfeita. Fiquei muito animado e intensifiquei os treinos para cumprir a promessa, mas no final de agosto ele sentiu uma dor muito forte e voltou a ser internado. Foram mais de duas semanas internado e, infelizmente, ele não resistiu. Momento de muita dor e desespero, parei de treinar e fiquei tentando encontrar algum sentido na vida. Ainda hoje não encontrei. Em conversas com familiares a com as maravilhosas professoras, decidi voltar aos treinos e homenageá-lo. Não sei descrever o que foi estar em Manaus e no meio da maratona. O escritor e maratonista Haruki Murakami que escreveu o livro "Do que eu falo quando falo de corrida" escreve que "Em corridas de longa distância, o único oponente que você tem que derrotar é você mesmo, o modo como costuma ser". Drauzio Varela em seu livro “Correr” relata que "correr é experimentar no corpo a quintessência da palavra liberdade". Sentir a largada, toda aquela energia, o meu irmão comigo o tempo todo e o enorme carinho e apoio das queridas Ângela, Érica, Ana Maria Zorzela, Natália Sena, Greice Suzuki. Corri pela gigante Manaus, passei pelo lindo teatro Amazonas, cruzei a ponte do Rio Negro sempre escutando: “Vai Iro”. 
A chegada foi um dos momentos mais emocionantes que vivenciei na vida. 
Disse ao Diogo "Cheguei aaaa"!!



Conto de Ciro Monteiro, em destaque, na página 20 da


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