Desde muito dono do nosso afeto e ansiedade, o feto João Pedro (que andam chamando de “Pepo”), não se apressava, nem mesmo tinha o anseio do seio da mamãe Júlia.
Pressa para quê?
Estou aqui, no mó conforto ─ um pouco apertado agora, é verdade, mas é só dar uns chutes e cabeçadas que me ajeito ─, boiando, me virando, sem fazer nenhum esforço para comer ou respirar, casa, comida e roupa lavada. Aliás, roupa para quê?
Chega o dia, porém, em que a outra mãe, Natureza, acaba com tanta moleza.
Hora de cuidar da vida, menino. Vamos, vamos, vamos saindo para ganhar o mundo. Não adianta chorar, mas até é bom ir aprendendo porque é assim que você vai pedir comida, reclamar das dores de barriga, da fralda suja, do barulho, que não é mais aquele marulho gostoso de dentro da barriga da mamãe.
Em compensação, você verá a mamãe e o papai de perto, sentirá o cheiro deles, o carinho, o aconchego do abraço. Verá ainda, e com ela poderá brincar, a sua “irmã” mais velha, a cachorrinha Nina.
E tem mais gente para conhecer, vovós Delucena e Cláudia, vovôs Gama e Stéfano, biso Martins, tios e tias Carol, Marcel, Bell, Pedro, Ana, Hilário, primo Felipe e a linda priminha Manuela, que até agora reinava sozinha no trono.
Com esta você vai ter de se entender, cara, principalmente se quiser chamar o vô Gama de “Babu”...
SONETO PARA PEPO
Sois João, uma anunciação
Para este meu velho coração.
Sois Pedro também e sobre esta pedra
Edificarei outro amor que medra.
Sois ainda nosso “Pepo” querido
E neste amoroso apelido
Muito mais linda será nossa vida
Agora mais que nunca consabida.
Tal como Manu a prima primeira
Havereis de seguir na mesma esteira
E sereis outra estrela benfazeja
No céu da lua cheia que festeja
O presente que sois a todos nós
Na Páscoa que renova nossa voz
*Crônica e Soneto, em destaque, na página 8 da 63a
Revista Ponto & Vírgula (abril/maio/junho/2023)
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