Eu acredito mesmo no Amor! E também espero que, apesar das circunstâncias difíceis que envolvem a questão, o Amor ainda acredite em mim!
O Amor, às vezes, é caprichoso e demora a se revelar em cada vida. Alguns já estão tão cansados de pseudo amores (aqueles sentimentos grávidos sempre da mesma desilusão), que não podem suportar nem a ideia de ouvir falar dele, quanto mais a de encará-lo de novo! E saiba que são muitos mesmos, infinitamente mais pessoas do que se imagina! Isso é uma lástima, um “crime inafiançável” (eu diria!), o verdadeiro aborto do Amor!...
Embora eu consiga entender a dor que leva as pessoas a cometerem qualquer “amoricídio”, eu não compreendo é como elas se atrevem a sufocar aquilo que há de mais básico na vida. Será por causa do medo?!...
Eu acredito muito no Amor, mas (vou logo avisando!) isso exige coragem, uma boa dose de valentia! Primeiro, é preciso ter “estômago” para encarar o mundo feio e vazio do desamor. Depois, é preciso ter muita perspicácia para enxergar como o Amor é vantajoso, como traz à luz o que há de mais encantador, verdadeiro e duradouro dentro de cada um. Por último, tem de ser muito honesto para reconhecer que, sem Amor, nosso egoísmo nos leva tão somente a erguer reclamações vazias aos céus, lamentando mais e mais a nossa insatisfação, “enchendo o saco” de Deus para resolver-nos a vida.
É... acredito mesmo no Amor, porque qualquer alternativa é bem pior! A morte do Amor é o nascimento do desespero. Se não amamos, não há o que esperar (além da morte, é claro, que chega
apesar de tudo!). Por isso, continuo tendo esperança no Amor! E, se espero, é porque acredito!
O Amor já me desapontou inúmeras vezes, mas, se eu desanimasse, seria então a certeza do fim... Fim de cada satisfação, de cada riso, de cada abraço, de cada beijo, de cada carinho, de cada olhar, de cada emoção!... Um ponto final, após o qual nada restaria (ou – quem sabe? – apenas a vã constatação de não ter sabido amar)!...
Creio no Amor, pois sei que ele é perene para quem está mesmo disposto a assumi-lo. Acredito que podemos superar a dor e o desconforto, que são passageiros, para enfim acolher (ou ser acolhido por)alguém a quem queremos (ou que nos queira) bem.
Seja lá quem for: o amado, o amigo, o irmão! Mas, só se pudermos nunca desistir de amar!
Sei que ainda existem alguns que também acreditam no Amor, mesmo que agora estejam banhados de lágrimas. Mas... Quem disse que o Amor chorado foi vivido em vão? De onde se imagina que brota aquela fibra para resistir às investidas do inferno ou mesmo encontrar um canto escondido dentro da alma que ainda seja capaz de se deixar tocar pela beleza e pela ternura?
Acredito no Amor (e não vou desistir de fazê-lo) porque na noite mais solitária, na angústia mais sufocante, na dor mais dilacerante... Bingo!... Somente o Amor é capaz de iluminar, de reconfortar, de libertar!
Nem parece razoável (eu bem sei!) imaginar algo tão poderoso que não se deixe corromper nem deteriorar, ainda que prazeres fáceis ou dias infernais estejam sempre à espreita. Sei que permanecer na trincheira do Amor, às vezes, pode mesmo parecer uma insanidade, uma última e doida resistência, coisa de loucos que ainda acreditam no impossível! Porém... Quem desacreditar do Amor, este, sim, está sujeito a enlouquecer!
Eis porque, apesar de tudo, eu ainda creio no Amor! Aliás, julgo essencial cultivar essa crença, pois, negar o Amor é trair a si mesmo, enquanto que acreditar nele implica manter intacta a própria fidelidade! O Amor nunca decepciona! O que sempre fere é o desamor!
Assim, a minha prece mais fervorosa continua sendo para que eu nunca venha a desacreditar do Amor! Também imploro à vida que o meu ato de fé mais verdadeiro tenha sempre, como crença inabalável, a inutilidade da busca do Amor em qualquer outro lugar que não seja o meu próprio coração! Finalmente, eu rogo à minha alma que, de uma vez por todas, certifique-se (com convicção!) de que, se não houver Amor dentro mim, então, eu não terei mesmo nenhuma razão de viver!
Crônica de Conceição Lima, nas páginas 60/62,
da 20a. Antologia Ponto & Vírgula - Poemas, contos e crônicas.
Editora FUNPEC - Coordenação de Irene Coimbra
Comentários
Enviar um comentário