Cai em falso, a folha esvai-se
O ser esvazia-se, há um vazamento
Sobre o manto divino, contrai-se
Névoa atenta ao desalento.
Sobre seu corpo a noite serena
Repousa, dorme em si, inteira
Germinal, silenciosa açucena
Que vem do broto, e vem da beira.
Vem da vida, lamúria, lâmina mortal
Desespero que me esfola o rosto
Sonho torpe, torpeza, o puro mal
Trevas especular, que espelha o gosto.
E que de novo se vira, insone
Porque a paz lhe sorriu luzente
É chama meiga que se consome
face de uma ideia sempre ausente.
Um fantasma que não vejo
E que ainda sinto,
Penumbra onde rastejo
Lamento já extinto.
Livros: "TENTAÇÃO E ESPERANÇA" e "BELA, MEIGA ESCURIDÃO" de ARTHUR GREGÓRIO VALÉRIO, em destaque, na página 16 da 66a. REVISTA PONTO & VÍRGULA (janeiro/fevereiro/março/2024)
No livro "Tentação e Esperança", Arthur explora as íntimas circunstâncias da alma humana através de um romance epistolar em que o narrador se vê numa encruzilhada entre os preceitos morais, o ódio, a ira, a paixão, e a loucura.
Já em "Bela, Meiga Escuridão", o autor nos apresenta uma seleta coleção com seus melhores poemas recém escritos, navegando pelas melancólicas paisagens do espirros e das possibilidades emotivas de existência, além disso, ele nos presenteia com longos e breves contos, que enredam a extraordinária vida sentimental de personagens em permanente construção. Por último, "Bela, Meiga Escuridão" se encerra com dezenas de pensamentos em formato aforismático que anseiam por uma perspectiva de verdade e de mundo mais alinhada com a experiência vivida, admitindo a incapacidade humana para se esgotar o cosmos com base na razão. Emoção é a palavra que talvez melhor defina as obras deste autor.
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