NOSTALGIA -(Alvim Barbosa- 1956)


A ansiedade da chegada
derramou alegria nos meus olhos.
Colhi ilusões pelo caminho,
recordei paisagens esquecidas,
fotografei árvores mortas.
A casa velha dormia em silêncio,
e o vento sul soprava forte.
Os coqueiros em adeuses de esperança,
iluminados de luar se confundiam.
Montanhas azuis emolduravam a noite
na paisagem sem fim dessa magia.
Passos e vozes conhecidas.
Surpresas e lembranças pela sala.
Noites escurecendo o dia.
O mar em ondas de agonia
recordava velas que foram e não voltaram.
O vento sul espalhava areia preta,
soterrando estrelas abandonadas pelo mar.
Conchas vazias namoravam luas
e os rochedos adormeciam solitários,
com a nostalgia do crepúsculo
e o deslizar suave das estrelas.
O dia da partida se anuncia,
na distância que surge silenciosa.
Lágrimas escorriam
pela face pálida de minha mãe.
Rainha da alvorada!
Em seguida o cansaço, rei absoluto
e a nostalgia da volta nos meus olhos.

Poema de Alvim Barbosa, em destaque, na página 19, da 67a. Revista Ponto & Vírgula (abril/maio/junho/2024).



 "Alvim Barbosa, meu irmão amado! Faço deste seu poema “Nostalgia”, criação poética de rara ternura e beleza, minha homenagem a você, poeta criador, pelo precioso legado que semeou nessa seara vasta! Saudade infinita de você!"
                                                                      Aldair Barbosa


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