Trago na boca
um gosto casto de poesia.
E na poesia sinto
o cheiro de sangue quente
que escorre pelos escombros
do vento avassalador.
Há no ar algo indefinível
que só a poesia
sabe o que pode ser.
Mas não diz, nem sequer
quando o gosto sangra
e o cheiro faz ventania
em algum lugar do silêncio
só acessível
quando se sonha acordado
em verso grávido
de inesperados sentidos.
Poema de Marcos Moreira, em destaque, na página 24, da 68a. Revista Ponto & Vírgula (julho/agosto/setembro/2024)
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