NOSSO TEMPO - V
Ouve-me, Lia! Tu bem sabes que eu não quis, nem
pensei te magoar... procura entender... Faz anos
que Rosaura e eu, até posso jurar, que estamos
de namoro! Ah! meu amor... que vou fazer? Fui além
do meu direito de te amar! Eu devo, agora, desejar
que se deem bem, como se comigo fosse! Nenhuma
mágoa, desse amor, hei de guardar! Mas se alguma
saudade vier me visitar, aí... não dá! Eu vou chorar!
O dia que ela chegar, se abrirá a minha sepultura...
a minha última morada... essa dor vai me matar!
Se eu morrer, que seja brevemente, porque, de mim
se foi a quimera derradeira... não mais hei de amar!
Vou esperar, até que decida, a morte, esse meu fim...
ou que venhas mitigar, um dia, a minha desventura!
*****
NOSSO TEMPO - VI
E eu não me punha, até então, à procura
de um amor... um menino, que feliz, passava
pela vida! Mas notei, logo adiante, que alegrava
o meu viver, uma doce menina... uma pintura
de beleza infinda! Meiga, alegre, persistente,
em total desapego a preconceitos! E prometeu,
a si, já me amando... este belo pequeno Aristeu
há de ser meu namorado! E já vivia, ela, contente,
por conta de sua auspiciosa promessa amorosa...
E já havia, latente, no meu peito, algo diferente...
os agudos e torturantes sinais do amor primeiro...
Mas apagou-se a chama, de súbito, tão de repente...
Partiu-se o rúptil liame, não por acaso, passageiro!
Ela se foi e eu fiquei com a dor da paixão silenciosa!
Sonetos de Idemar de Souza, em destaque na página 9 da 70a. Revista Ponto & Vírgula (janeiro/fevereiro/março/2025)
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