PRÊMIO BEM-TE-VI - O CANTO DO JORNALISMO QUE NÃO SE CALA. Por André Luiz da Silva

     

    Em Ribeirão Preto, quando as manhãs exalavam o aroma do café fresco, misturado ao som das máquinas de escrever e à voz

inconfundível do rádio AM, nascia um jornalismo que não apenas informava — ele eternizava. Não era sobre velocidade. Era sobre verdade. Não era algoritmo. Era alma.

É com esse espírito que, em pleno século XXI, a Ordem dos Jornalistas da Região Metropolitana de Ribeirão Preto segue firme, mantendo acesa a centelha de uma profissão que formou gerações, forjou caráter e moldou consciências.

Fundada há quase 50 anos — numa época em que reportar era missão de vida, não uma corrida por likes — a Ordem não se limita a preservar a memória dos que vieram antes. Ela inspira os que estão por vir. Celebra os que ousam transformar realidade com palavras. E, sobretudo, honra os que fizeram do ofício um legado.

O Prêmio Bem-te-vi de Jornalismo, criado pela Lei Municipal nº 8.606/99 e atualizado pela Lei nº 12.255/2010, é muito mais do que uma cerimônia. É um chamado à essência. Um reencontro com a vocação original do jornalismo: servir à sociedade com ética, coragem e compromisso.

Ele ultrapassa fronteiras intelectuais, sociais e geográficas. Une. Relembra que o jornalismo autêntico é antídoto contra a desinformação, pilar da democracia e farol em tempos de escuridão.

Na Câmara Municipal de Ribeirão Preto — onde tantas histórias ganharam voz — os premiados de 2025 foram anunciados. Nomes que carregam a comunicação no sangue e na alma: Agenor Filho, Barboza Jr, Conceição Lima, Désirée Teixeira, Eddie Nascimento, JF Pimenta, Juliana Rangel, Leandro Cavalcanti, Leonardo Andrade e Túlio Molezim Miguel.

Mas foi nas homenagens especiais a Irene Coimbra e Vicente Seixas que o tempo pareceu parar. Suas lembranças nos transportaram à era em que o rádio era rei, a apuração era sagrada, e a notícia tinha o cheiro inconfundível da tinta recém-impressa.

Lembramos das redações — verdadeiros santuários — onde novatos se calavam para ouvir os veteranos narrarem reportagens improváveis. A Ordem, outrora batizada como “dos Velhos Jornaistas”, mantém viva essa chama. Mas sabe: tradição sem renovação vira poeira.

Por isso, a Ordem vai além da celebração. Ela ensina. Integra. Provoca. Em mostras, workshops, encontros e debates, une profissionais e estudantes em torno de temas urgentes como inteligência artificial, ética digital e checagem de fatos — porque o passado nos inspira, mas é o presente que exige coragem.

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*André Luiz da Silva é servidor municipal, advogado,

escritor e radialista.

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Crônica de André Luiz da Silva, em destaque na página 26 da 71a. Revista Ponto & Vírgula (abril/maio/junho/2025)

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