ESPELHO... ESPELHO MEU.- Maria Helena Zeotti

      

   









 
    Quando me olho ao espelho,
     vertiginosa inquietação desestabiliza o meu ser,
     por suspeitar da existência da misteriosa diferença 
     entre a essência e a aparência.
     Minha aparência sempre me engana.
     Ao piscar os olhos para a tela plana,
     como num impasse da magia,
     a imagem representada é o encontro de mil Marias!
     São tantas, tantas e tão diferentes Marias
     que eu mesma, muito mal as reconhecia!
     Com visão de pesquisadora em um projeto importante
     observei cada detalhe, dos pés à cabeça.
     para descobrir qual delas, de fato,
     era a Maria verdadeira.
     Depois de muito observar,
     nuances de permanente inocência
     nos olhos de todas as Marias
     ainda se pode notar.
    Nem todas as Marias são iguais.
    Cada figura exterior é eco da figura interna.
    Umas refletem o adulto que se fez em criança
    e outras, a criança que é seu próprio espelho.
    Os olhos são a porta do engano.
    É necessária certa cegueira.
    Algum defeito nos olhos manifestar.
    Para se enxergar sem recortes e sem medidas
    os contornos de uma alma despida.
     Os espelhos são para assustar.
     Eles podem espalhar, sem limites de definição,
     imagens desconhecidas e escondidas,
     ocultadas pelo receio de se enxergar.
    Oh, Incompreensível Espelho, 
    Espelho MEU,
    mostre-me, honestamente
    quem, na realidade, sou EU!!!!






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