Em seu leito de morte, o soneto agoniza.
Em seu cérebro febril, mil versos escorrem.
Nem o zéfiro suave a dor lhe ameniza,
nem o sol, o luar ou o céu o socorrem.
Pela fresta entreaberta, procura estrelas.
Em delírio, chamando, ele invoca o Parnaso.
A própria tríade parece escondê-las.
Até mesmo o poeta esmaece ao ocaso.
Estrofes loucas buscam rimas no abismo,
numa réstia de luz, ante a eternidade.
Alucinado, abraçando o amado lirismo.
Camões, Bilac, Carvalho, Raimundo...
Num gesto etéreo de cumplicidade,
venham salvar este soneto moribundo.
12a. Antologia Ponto & Vírgula - Página 55
Comentários
Enviar um comentário