Esponsais- Antônio Carlos Tórtoro



Transitória
a flor de maracujá espera.

Antera à mostra,
no ápice de rígidos estames
esconde o pólen,
distante longos milímetros
do gineceu.

Transitando
a mamangaba não espera.

Como fera acaba em segundos
mergulhada no cálice
e na abóbada do perianto,
onde realiza os esponsais 
sem ais.

Transcendente
a natureza espera.
Mera rotina continua
e atua como mão de Deus
no ato da criação do fruto.

Num único minuto,
página capitular de um gênese,
composto em versos de abelha social
no ato puramente erótico de dançar.

12a. Antologia Ponto & Vírgula - Página 21





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