Tenho medo de avião, mas precisei viajar.
A inglesinha poliglota perguntou-me se eu era brasileiro.
Confirmei discretamente com meu dedo polegar.
Caipira igual a mim, mesmo em silêncio, comete erros.
Ela percebeu que eu estava perdido no ar,
em meio aos sulinos e aos europeus
e que não estava a fim de conversar.
Fiquei lendo “Ponto e Vírgula” com alguns poemas meus.
Mas a inspiração invadiu o espaço.
Meu senso poético não controlei.
Tentei ler só com os olhos os poemas que faço,
mas nem o tom da minha voz eu dominei.
A inglesinha ouviu e exclamou: - Vou dizer-lhe a verdade,
não sabia que no mundo poético também tem craque.
Não perdi a chance para dupla publicidade.
Dei a ela a revista ressaltando “Poetas em Destaque”.
Ela destacou a mesma como acima de dez.
Falava e traduzia para que eu pudesse entender.
Porque logo entendeu que eu só entendia “Oh, yes”.
Disse-me: “Rimas ricas, só o brasileiro sabe fazer”
Despedimo-nos com ela dizendo-me: “Prometo,
em breve, quem sabe, talvez amanhã,
meu ponto de parada será Ribeirão Preto”.
“Ponto & Vírgula” tem mais uma fã.
E ponto final.
Página 4 - 12a. Antologia Ponto & Vírgula
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