NOS TRILHOS DO BRASIL- Victor Garcia

     

    Era sábado, o feriado de aniversário de Ribeirão Preto, 19 de junho, quando passei de carro pela Alameda Botafogo, na lateral do Parque Maurílio Biaggi. Havia lido que ocorreria, no dia em que a cidade completaria 167 anos, a inauguração da Maria Fumaça naquele parque que, anteriormente, ficava na Praça Francisco Schimdt, ao lado do Pronto Socorro Central. Como ribeirão-pretano, passar pela região central da cidade e ver o vagão da locomotiva sempre foi algo natural, como um elemento incorporado à cidade, assim como as palmeiras da Jerônimo Gonçalves ou o clima quente. No instante em que olhava para o parque e a cobertura construída para abrir o monumento restaurado, tive a ideia de escrever um conto sobre o tema: A Maria Fumaça.
    Se inicia com uma mulher de sessenta anos, sentada em um dos bancos do parque, esperando a chegada de uma amiga, para e inauguração daquele vagão. Isso lhe traz muitas lembranças de sua vida. Seu avô fora maquinista da Estação Mogiana e, possivelmente, guiara a locomotiva que se tornara ponto turístico onde sempre encontrava os amigos e, assim, de alguma forma, estava associado àquele vagão. A ideia de contar a história da locomotiva da cidade, através das memórias da personagem me empolgou. Um livro de contos: “Nos trilhos do Brasil”. Nome perfeito. Somando-se ao conto de Abdução em Varginha, a lenda do “Sete Orelhas”, a viagem de escritores para a Chácara do senhor Vicente, em Santo Antônio da Alegria, a moça que visita o maior cajueiro do mundo, uma aventura em uma hipotética cidade futurista no meio da Amazônia, as aventuras em um peculiar condomínio e uma sátira entre os príncipes luso-brasileiros Dom Pedro e Dom Miguel.



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Texto de Victor Garcia, em destaque na página 8 da 70a. Revista Ponto & Vírgula (janeiro/fevereiro/março/2025)

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