A SUBIDA- Arthur Gregório Valério

 















Leve, pelos ares ensolarados

Voava livre e alta a sua figura

Como se nos fios azuis de sol

Saísse viva da noite escura

E brincava com todos os anjos

Roubava o vapor das casas

Espalhada pelo calor da rua

Alçava a vida com suas asas

Uma alma pura e enfim liberta

Violeta com seu aroma outonal

Subiu ampla, belíssima e viva

Pelo brilho de um ente astral

Sondava o fundo, ali por detrás 

Das coisas todas que apareciam

A essência meiga das luzes mortas

E as estrelas que se escondiam

A paz celestial, na funda amplidão

Onde o ar se confunde ao vago seio

Do criador oculto, que sonda o peito

E habita na luz de um puro anseio

Os deuses, os santos espantados

Se deitavam agora em suas cores

Enquanto ela fingia ser aquarela

E dissolvia mórbida as suas dores

Não pedia seu respeito, mas apenas

Lhes sorria, e com tantas saudades

Que tinha da Terra, via agora a nova

Terra, em seus júbilos de mil verdades

Era a curva que faz a curva ao lado

O céu mais limpo, o tom mais leve

Não havia pranto, mas a vida

Que de si gozava alegre.

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Poema de Arthur Gregório Valério, em destaque na página 29, da 71a. Revista Ponto & Vírgula (abril/maio/junho/2025)


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