Natural de Ribeirão Preto (SP), iniciou sua formação musical no piano aos 11 anos de idade. Fez toda sua trajetória escolar na escola pública municipal Dom Luis do Amaral Mousinho e, aos 17 anos, ingressou no curso de Música da USP de Ribeirão Preto. Dali em diante, consolidou um percurso que une paixão pelos estudos acadêmicos e atuação diversificada: é doutor em música pela ECA/USP, com tese indicada ao Prêmio USP e à distinção da Capes, na área de música de cinema. O resultado foi publicado em livro em 2019, pela Paco Editorial, sob o título "A Significação na Música de Cinema" e se tornou referência em seu campo.
Mas a trajetória de Juliano não se limita ao universo acadêmico. Sua prática musical se manifesta em diferentes frentes: como pianista, atuou como correpetidor e professor de teoria junto ao coral da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto por quase uma década. Como compositor e arranjador, tem obras que mesclam elementos de música contemporânea e significado simbólico, a exemplo das peças “Covid-19”, “Teclas pretas importam” e “Despedida de um ano trágico ou Réquiem para 1.807.638 sonhos”, compostas durante a pandemia, com carga simbólica e política.
Na docência, Juliano acumulou experiências em diversos níveis e instituições, passando pelo ensino fundamental, por oficinas culturais no interior paulista, pela Universidade de Santos e pela Universidade Estadual do Paraná (Unespar), onde lecionou disciplinas como composição musical, trilha sonora, contraponto, estágio supervisionado e teoria musical. Também é membro do Centro de Estudos em Música e Mídia (MusiMid) desde 2011, tendo publicado artigos em revistas acadêmicas relevantes e participado de congressos nacionais e internacionais.
Entre 2011 e 2013, coproduziu o programa "Clássicos em Pauta" na Rádio USP de Ribeirão Preto, e desde 2024 atua como colunista no programa Sala de Música da Rádio CBN Ribeirão, onde compartilha reflexões musicais que transitam entre os universos erudito e popular.
No campo da literatura, publicou em 2025 o romance "O Engaiolador de Instantes", uma obra delicada que narra a jornada interna de Elias, personagem que atravessa perdas e epifanias em busca de sentido. O livro foi selecionado para o Festival Literário de Feira de Santana (FLIFS) e figurou na estande de autores locais na Feira do Livro de Ribeirão Preto, onde o autor também participou em um sarau musical e literário apresentando-se com o Trio Orpheus no auditório do Centro Cultural Palace.
Juliano também se destaca como empreendedor cultural. É fundador da Orquestra Orpheus, grupo musical que participou de mais de 1.000 eventos, incluindo concertos, cerimônias de casamentos e eventos corporativos, e recebeu diversas distinções regionais, sendo referência em música para eventos na região. Com formações versáteis, como orquestra de câmara, quartetos de cordas, trios e corais, a Orquestra Orpheus se destaca pelo alto padrão artístico e pelo planejamento musical personalizado.
Foi a partir dessa experiência que nasceu a Casa Orpheus, sede da Orquestra Orpheus e idealizada como espaço cultural de formação e apresentações artísticas: um lugar acolhedor e elegante, com estúdio, salas de aula e auditório com capacidade para 60 lugares. De forma independente, Juliano estruturou um projeto que une difusão cultural e autonomia de gestão, atuando também como uma espécie de cowork para músicos e artistas, com possibilidade de aluguel de salas e auditório. Em agosto de 2025 deu início ao projeto Coral Orpheus, com o objetivo de oferecer aulas de coral na Casa Orpheus e manter um corpo estável de cantores para apresentações.
Seu trabalho pedagógico inclui ainda a publicação do e-book "10 Cantigas Populares para Piano com Acompanhamento de Orquestra", voltado a estudantes iniciantes e professores de piano, que combina arranjos acessíveis a playbacks orquestrais com arranjos próprios. Um exemplo de como formação musical aliada à tecnologia pode se traduzir em possibilidades inovadoras de ensino.
Ao longo de sua carreira, Juliano tem se destacado pela capacidade de transitar entre múltiplos campos sem perder a profundidade e o rigor. Suas escolhas artísticas e pedagógicas revelam um olhar atento à cultura contemporânea, mas enraizado em princípios clássicos de beleza, coerência e escuta.
É possível que seu maior mérito esteja justamente em articular os diferentes aspectos da música como linguagem, ofício e forma de comunicação simbólica. A paixão pelo ensino, a dedicação à pesquisa, a sensibilidade estética e a coragem de empreender fazem de Juliano de Oliveira uma figura rara e essencial na cena cultural ribeirãopretana atual.
Prólogo do livro "O Engaiolador de Instantes":
Mãe é uma palavra interessante. Um simples abrir e fechar dos lábios. Uma sílaba — sopro pronunciável num só ímpeto, que ecoa semelhante em tantas línguas: mãe, madre, mère, mare, mother, mutter, mat’, mater...
Os lábios cerrados, como quem guarda em si um segredo, se abrem e cortam o ar com um conjunto de frequências sonoras, desvelando um universo semântico que não caberia em nenhum dicionário.
Três letras: nascimento, vida e morte. Boca fechada, o 'm' ressoa pela caixa craniana qual um murmúrio primordial. O 'ã' se abre como um alento — expansão, primeiro sopro da existência. E o 'e' final já prenuncia o regresso, a volta pra casa — como quem, transformado pela jornada, retorna ao ponto inicial, logo se encerrando no silêncio derradeiro.
Eis, então, o ciclo completo da existência: começo, meio e fim; tese, antítese e síntese das contradições humanas. Unidade que se desdobra em dualidade; elo sutil entre o ser e o nada.
Mãe é o alicerce onde se erguem as primícias da ventura e do desengano, do abrigo e da solidão, traçando, enfim, com o fio sutil de uma lógica íntima e inexorável, o doloroso ensinamento: os mesmos braços que envolvem em ternura serão, um dia, os que hão de lançar à vastidão das incertezas mundanas. E, nesse gesto, desvela-se o paradoxo entre a proteção e a liberdade, pois na doçura do afago já se insinua a iminente solidão da partida — são tantos os pequenos lutos que nos preparam para o luto derradeiro!
Mãe é o primeiro espelho, a primeira morada, a mais antiga e a mais essencial das metáforas. A casa primitiva, cujo abrigo passamos a vida inteira buscando, sem jamais reencontrar por completo — pois mãe é esse ente que, sendo livre e eterno em nossa memória, é ao mesmo tempo efêmero, prisioneiro nos momentos breves da finitude humana.

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