Denise Jacometti Carpenter



Dias iguais

Não, não é o luar
É a luz etérea
É um dia
No imenso mar

As horas desiguais
Colorem de cinza gélido
O império dos dias iguais

Meu vulto passa e se esquece
Da dor que chora
E sem que perceba
A tarde desce

***

Não sei

De onde se procura avançar a angústia de sonhar
E eu deliro
E de repente
Pauso no que penso
O que é que me tortura?
Não sei...
Sou alguém que estranha a própria alma.

***

Oração

Pai, a noite veio e a alma chora
Tanta foi a tormenta e a vontade!
Resta-me agora, o silêncio da aurora
O sol, o mar e a saudade.
Mas a chama da vida que em mim brilhou
Ainda não é finda
O frio da morte quase a apagou
Mas o teu sopro pode reacendê-la ainda.
Sopre a vida que o coração deseja
E faz com que a chama do esforço se renove
E novamente possa eu conquistar o que a alma deseja
Das estrelas, do mar, ou o que a vida aprove.

***

A hora

Não sei a hora
Mas sei que uma há
Atrase-a Deus
Chame a alma embora

Escrevi meu verso
A beira-mágoa
A que porto encoberto aportará?
Voltará do azar incerto?

Só tu, Senhor, me faz viver...
Guardar o corpo e o futuro,
Sonho breve e escuro
Sonho anônimo e disperso
Confuso como o universo
Torna-me a vontade esperança
O sonho inverso



Comentários