CORAÇÕES NÃO DEVERIAM MORRER... Recado direto de União dos Palmares, Alagoas.- Olynda Aparecida Bassan Franco
Há muito não assistia “Fantástico”. Nesta noite uma reportagem emocionou-me e muito.
Em União dos Palmares a 76 km de Maceió, segundo a reportagem, houve um acidente de moto, matando um lindo jovem, filho de uma professora da cidade. Por mais que a equipe médica fizesse, o rapaz não resistiu e veio a falecer, como diz Rolando Boldrin, “antes do combinado” Quando morre um jovem, parece ter uma inversão do tempo disponível para se viver.
Ele manifestara a sua vontade em doar seus órgãos, mesmo vivendo em plena primavera de sua na juventude. Ainda que morasse no interior de Alagoas, a mãe cumpriu o desejo do filho. Foi doado o coração e os rins.
O receptor do coração mora em Maceió. Está recuperado, voltou a estudar. A mãe do doador ao visitar pela primeira vez o receptor, entre lágrimas e emoção pediu, inicialmente, que a deixasse colocar sua mão sobre o coração do filho, agora pulsando em um novo corpo, e vivo. Quilômetros e mais Estados separaram-me de Maceió, mas meu coração de mãe pode imaginar o calor, a energia daquela mão estirada, ao afagar a lembrança do filho.
Ela guarda sua dor, suas saudades e o agradece por permitir que seu filho permaneça perto dela. Nenhuma palavra descreve a alma deste encontro. Apenas sentir e torcer para que mais adesões sejam manifestadas em prol da doação de órgãos.
A fila de transplante é longa. Corações não deveriam morrer...
Crônica de Olynda Bassan, na página 88
da 20a. Antologia Ponto & Vírgula - Poemas, Contos e Crônicas.
Editora FUNPEC - Coordenação de Irene Coimbra
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