Chamo- Célia Moura



Chamo-te hoje,
porque pensar-te
é a lâmina mais feroz.

Êxtase de te revelar segredos,
e te acolher no ventre, ó vagabundo,
entre o pranto e o anoitecer,
estremecendo vagas de solidão em aguaceiros de poesia.

Ó desconhecido de todos os desalentos,
escancarando vida no umbral da porta,
imaginei-te somente!

E, guardiã da tristeza intrínseca,
batizei-te alento,
prenúncio de temporal.

Grito-te ainda,
porque o silêncio a bailar entre risonhos girassóis,
é o tempo mais sublime,
ânsia de ansiar
nossos corpos esculpidos
num sopro de infinito.











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