Antes que chegasse a tarde e os sonhos se dispersassem com tempestades imprevistas, Aline fez-se ao caminho. Abandonando a zona de conforto, abraçou o desconhecido e descobriu outros mundos, onde, afinal, existiam abraços nascidos de circunstâncias diferentes, mas envoltos em sentimentos comuns a todos os seres humanos.
Ao ler as crônicas de Aline, envolveu-me o espírito de Aline pelas terras das maravilhas. Jovem de espírito infantil e louvável curiosidade, ávida por aventura, decidiu dizer olá ao mundo para que a Aline adulta se permitisse conhecer o território onde predominasse o seu verdadeiro eu.
Levando na bagagem o amor, o incentivo e toda a educação e influência parental, nunca esqueceu que a única forma de alcançar o impossível era acreditar no possível—o possível que ela e a sua força de vontade construiriam. Aprendera com a sua mãe que o pré-julgamento dos outros nada mais era do que a limitação da sua própria visão. Fraca, por sinal, pois revelava a incapacidade de compreender ou aceitar a perspetiva do outro.
Como leitora da viagem de Aline, fui percebendo que, apesar da saudade e de algumas dificuldades, ela permaneceu firme no seu percurso, como se soubesse que nada venceria com lágrimas.
Na Irlanda, apurou o olhar de poeta e, usando todos os sentidos, apreciou os diversos encontros proporcionados pelas diferenças—fosse primavera, verão, outono ou inverno.
O regresso à sua amada Londres e a decisão de por lá permanecer foram como se dissesse ao seu país natal: não posso voltar para trás; lá eu era outra pessoa. Neste momento, preciso de mim como sou.
A concretização do seu sonho foi a resposta à risada do fiscal da roça, onde a sua mãe trabalhara, e à da sua colega de carteira. Consagrou-se ao seu próprio ser, ignorando o misterioso desdém de alguns.
Parabéns, Aline, pela forma como nos relatas algumas das tuas vivências!
Fernanda R-Mesquita
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