Despediu-se da amada terra olhando o mar de profundo azul e o litoral recortado da Sicília. Lá viveu até completar 30 anos, ficando com raízes tão firmemente fixadas, sua família e parte de sua his-tória.
Chegou ao porto de Santos no dia 7 de setembro de 1954. Logo ao chegar percebeu as comemorações do dia da Independência do Brasil, Dia da Pátria brasileira, que ele havia escolhido para encontrar oportunidade de trabalho, para um dia, quem sabe, retornar à Itália em condições melhores do que aquelas vistas ao se despedir. Quantos são os que, sobreviventes aos flagelos que im-primem batalhas inexplicáveis e desumanas deixam suas pátrias e se lançam em busca de novos horizontes, longe de lutas que perdem o sentido logo nos primeiros dias de sofrimento imposto aos que apenas desejam viver em paz.
Assim, em todas as épocas da humanidade, seres carregando dor, estarão percorrendo caminhos que levam a um recanto de esperança, idosos, crianças e principal-mente jovens que pretendem trabalho, estudo e experiências de vida, que, por se sentirem merecedores, empreendem jornadas desafiadoras e perigosas. Francesco Cammilleri nasceu em Licata, província de Agrigento, na Sicília, no dia de Reis, 6 de janeiro de 1924, estando sob a mesa, na sala da casa, a Estrela de Natal para homenagear os três Reis Magos que, na gruta de Belém, vieram conhecer e presentear o Menino Jesus.
Sua chegada na família, único filho homem foi muito comemorada. Recebeu o nome de Francesco. Sempre se orgulhou de sua família de nascimento na Itália e do casamento no Brasil, de sua nacionalidade e da cidade que adotou como filho, dando-lhe o título de cidadania, onde viveu com a mulher, os filhos e os netos, contando com inúmeros amigos conquistados por sua generosidade e nobreza.
CONTINUA...
Parte do conto de Fernanda Ripamonte págs. 70/74,
da 20a. Antologia Ponto & Vírgula - poemas, contos e crônicas.
Editora FUNPEC - Coordenação de Irene Coimbra
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