Morro do Bosque- Luiz Puntel

Calças curtas,
no coração um pouco de medo, 
um muito de coragem nos bolsos,
misturada a bolinhas de gude,
cordinhas de piões,
utensílios nada alpinísticos,
lá ia eu a escalar a enorme montanha...
- E não era o Everest o Morro do Bosque?

Pés aqui, mãos ali,
eu, pequenino ser,
aos pés dela, majestática visão!

O friozinho na barriga,
meu corpo se colando às rochas.
Minh’alma se agarrando à devoção 
na Mãe divina,
minha Nossa Senhora das Quedas Fatais!

Me segura, minha santa, 
não vá a dona Isadora, 
minha mãe terrestre, 
me lambar o corpo magro
pelas estripulias de moleque!

O alpinista que nunca fui
sorria escaladas,
assim que...
Ufa! Consegui, meninos!

E de lá, 
são e salvo no alto do morro,
eu via a cidade lá embaixo,
com seus prédios, carros e gente 
nas ruas.

Eu, dono do mundo, 
caminhava passos firmes,
em direção Bosque a dentro,
contente de escalar o mundo.

Não sabia, no entanto,
que viriam outras montanhas
pela vida afora, Nossa Senhora!





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