NOSTALGIA- Alvim Barbosa




















A ansiedade da chegada
derramou alegria nos meus olhos.
Colhi ilusões pelo caminho,
recordei paisagens esquecidas,
fotografei árvores mortas.
A casa velha dormia em silêncio,
e o vento sul soprava forte.
Os coqueiros em adeuses de esperança,
iluminados de luar, se confundiam.
Montanhas azuis emolduravam a noite
na paisagem sem fim dessa beleza.
Passos e vozes conhecidas.
Surpresas e lembranças pela sala. 
Noites escurecendo o dia.
O mar em ondas de agonia
 recordava velas que foram e não voltaram.
O vento sul espalhava areia preta
soterrando estrelas abandonadas pelo mar.
Conchas vazias namoravam luas
e os rochedos adormeciam solitários,
com a nostalgia do crepúsculo
e o deslizar  suave das estrelas.
O dia da partida se anuncia,
na distância que surge silenciosa.
Lágrimas escorriam pela face pálida de minha mãe,
Rainha da alvorada!
Em seguida o cansaço, rei absoluto
e a nostalgia da volta nos meus olhos.
                                                     (Alvim Barbosa/ 1956 /inédito)

*
Crônica e Poema de Alvim Barbosa, (in memoriam) nas páginas 6, 7, 8 e 9, da 18a. Antologia Ponto & Vírgula - Poemas, Contos e Crônicas.
Editora FUNPEC.
Coordenadora: Irene Coimbra

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